terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cegos.

Ele saiu atrasado para o trabalho, já passava das sete quando ignorou o "bom dia" do porteiro do seu prédio. Mas quem liga? Ele que não dava a mínima importância à um subalterno qualquer. Continuou andando até seu carro e seguiu caminho até a empresa. Com o sinal vermelho, via pelo vidro qualquer coisa como um menino de seis anos deitado embaixo de um banco qualquer desses de rodoviária, e não ligou, era mais uma vítima da sociedade e não seria ele a bancar o super herói e resolver salvar o mundo de suas desgraças, então subiu o vidro, onde o fumê o isolaria de qualquer problema mundano e aumentou o volume do som do carro. Criava-se ali mais um filho da puta. Mas que diferença isso faria? O mundo tá cheio deles. Cheio de filhos da puta e de miseráveis que choram por uma oportunidade de crescer na vida.
Depois do trabalho voltou pra casa, passou por todo aquele trajeto que já era rotina, já não se incomodava com aquele cenário que anunciava a Terceira Guerra Mundial, pois já tinha garantido o seu porão de ouro, nenhuma bomba o atingiria. Entrou em casa, apagou as luzes e foi assistir um filme americano qualquer.
E do lado de fora, a sociedade seguia hipócrita, como sempre, alimentando filhos da puta que vêem dinheiro mas são cegos pra qualquer tipo de ação que envolva seu quinhão.

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