quinta-feira, 29 de julho de 2010

Rascunho.

Ela não sabia pra onde ir, então correu, foi o mais longe que pode, viu paisagens, crianças e carros passando, pensou estar longe o suficiente, mas não parou, continuou correndo, fugindo da realidade que já não lhe cabia. Resolveu somente caminhar, conhecer as pessoas que, mesmo com toda aquela acidez, insistiam em fazer-lhe feliz, conversou com algumas crianças, descobriu tesouros, foi o confessionário de uma apaixonada que contou-lhe sua mais bela história de amor e chorou ao notar que não acreditava naquilo que estava ali, na ponta do seu nariz. Acreditou. Continuou a andar, tentou esconder-se nos cantos mais remotos daquele lugar, andou, andou por muito tempo, a sola de seus sapatos já não lhe davam o conforto inicial, cansou.Quando cansou, ajoelhou-se ali mesmo, naquele chão sujo, cheio do pó que te fez espirrar por tanto tempo, olhou a sua volta e percebeu que sua tentativa foi em vão, não tinha conseguido ultrapassar aquele metro e meio de angústias e inseguranças. Desistiu. Desistiu de fugir de si, procurar, sem sucesso, a felicidade naquilo que não te pertencia, era bobagem. Percebeu que essa coisa de encontrar-se fazia parte do tal crescimento que tanto ouviu falar, mas recusou-se a aceitar a situação, e não adiantava recusar, não haviam escolhas, crescer era agora sua nova obrigação, teria que ver partir toda sua visão de mundo e aceitar, sem opção, seu novo "eu". Sophia estava crescendo, e crescer dói.

domingo, 4 de julho de 2010

Sobras.

Cabe tanta saudade em meu peito, tanta lágrima em meus olhos, tanta angústia, tanta insegurança, que apenas dói. Demasiada dor. E eu sigo, como quem não tem aonde ir, e nem quer ter, como quem apenas deseja ler, com a ponta dos dedos, toda a poesia dessas paredes esquecidas, como quem só quer lembrar, lembrar do que foi bom e do que ainda pode ser, revirar o baú da sua mente e rever todos os momentos em que as lágrimas brotavam somente em meio a sorrisos. Foi-se esse tempo, um tempo de ideais, de lutas e revoltas, agora cabe somente o eu. E é somente o eu que move todos que um dia eram motivados pelo nós. Tudo era a 3ª pessoa, eram sentimentos que em algum momento se encaixavam, agora é apenas um amontoado deles, e seria necessário procurar algum que me servisse, mas eu já não quero, tenho preguiça dessa busca que talvez não tenha fim e que me mata a cada fracasso.
Cabe tanta saudade em meu peito, mas as lembranças transbordam, sobra-me apenas a esperança de que o futuro chegue e traga em sua mala novos momentos de felicidade. Seja bem vindo.