domingo, 17 de julho de 2011

Volta

Ensina pra mim. Ensina como é que esquece, como apaga o sentimento. Mostra a lixeira mais próxima onde eu posso colocar esse amor como se fosse algo descartável, assim como você fez. Mostra, porque eu não consigo esquecer, não consigo enxergar nenhuma saída, olho para todos os lados e não vejo as pessoas, os carros, só vejo você, tudo é você e eu sigo batendo nos postes e não é por falta de atenção, é amor.
Diz como você conseguiu passar por nós, por nossas lembranças e agir como se fossemos apenas um momento de distração. Foi assim para você? Uma distração de dois anos e meio? Acredito que não. Você me amava, eu sei, eu me sentia amada. O problema é que é passado para você mas continua presente em mim esse sentimento. E não passa! Eu finjo que esqueço, finjo que tanto faz mas não, você sabe que não.
Essa saudade é tão mesquinha, essa vontade de você aqui comigo, sabe? Como eu fiquei assim? Em que momento da minha caminhada eu me tornei esse ser sedento por atenção, a sua atenção? Você está feliz agora, eu sei, mas você podia ser feliz comigo. Eu te fiz feliz por aqueles trinta meses e poderia continuar fazendo por mais trinta mil deles. Mas você acha que não e eu já não tenho voz para opinar.
Você consegue lembrar do que fazíamos? Consegue lembrar de como podíamos passar o dia juntos e ainda sentir saudade no final da noite? Eu, com meus quatro anos a mais no documento, agia como uma criança só para acabar em seu colo e você acariciava meus cabelos ruins como se fossem seda. Não lembra, eu sei, sua memória é muito curta e agora você tem outros momentos para guardar, não te culpo por isso.
Olha, meu bem, se qualquer dia desses, numa dessas esquinas nas quais costuma passar, você sentir cheiro de café ou de carinho no fim da tarde, aquele cheiro que só nós conhecíamos, e lembrar de mim, não hesite em ligar, o número é o mesmo, o colo é o mesmo e eu te espero, já não aguento de saudades. Volta e toma o lugar que nunca deixou de ser teu.