quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Carta.

A gente vive e lamenta todos os caminhos errados que decidimos seguir ou que acabamos tomando sem saber o que nos esperava. Nós mudamos, fazemos escolhas e sofremos por causa das escolhas que fizeram por nós, mas não temos o dever de chorar eternamente por algo que nem vale a pena, ou que vale independente das lágrimas que escorrem por nossos rostos cansados.
A gente cresceu, meus amores, e devemos isso ao sofrimento, ao sorriso, aos tombos e à todas as vezes que resolvemos erguer a cabeça e seguir vivendo, devemos isso a vida. Nós crescemos, não somos mais crianças imaturas e temos outros motivos para viver, outros brilhos a ocultar e outras luzes para apagar, porque a vida não acaba aqui e virando aquela esquina ali na frente tem muita felicidade nos esperando.
O melhor de tudo é a esperança, a vontade de vencer e ultrapassar qualquer barreira idiota que insiste em aparecer, é pela esperança que nós vivemos e é ela que nos faz chegar em casa sustentando o sorriso de plástico que exibimos o dia inteiro.
E a gente chega em casa, apaga a luz e fecha a porta, mas não a tranca, porque a esperança ainda pode chegar e trazer com ela um mundo melhor.

- Aos meus amores: Jessica F. e Lidiane K.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cegos.

Ele saiu atrasado para o trabalho, já passava das sete quando ignorou o "bom dia" do porteiro do seu prédio. Mas quem liga? Ele que não dava a mínima importância à um subalterno qualquer. Continuou andando até seu carro e seguiu caminho até a empresa. Com o sinal vermelho, via pelo vidro qualquer coisa como um menino de seis anos deitado embaixo de um banco qualquer desses de rodoviária, e não ligou, era mais uma vítima da sociedade e não seria ele a bancar o super herói e resolver salvar o mundo de suas desgraças, então subiu o vidro, onde o fumê o isolaria de qualquer problema mundano e aumentou o volume do som do carro. Criava-se ali mais um filho da puta. Mas que diferença isso faria? O mundo tá cheio deles. Cheio de filhos da puta e de miseráveis que choram por uma oportunidade de crescer na vida.
Depois do trabalho voltou pra casa, passou por todo aquele trajeto que já era rotina, já não se incomodava com aquele cenário que anunciava a Terceira Guerra Mundial, pois já tinha garantido o seu porão de ouro, nenhuma bomba o atingiria. Entrou em casa, apagou as luzes e foi assistir um filme americano qualquer.
E do lado de fora, a sociedade seguia hipócrita, como sempre, alimentando filhos da puta que vêem dinheiro mas são cegos pra qualquer tipo de ação que envolva seu quinhão.