quinta-feira, 29 de julho de 2010

Rascunho.

Ela não sabia pra onde ir, então correu, foi o mais longe que pode, viu paisagens, crianças e carros passando, pensou estar longe o suficiente, mas não parou, continuou correndo, fugindo da realidade que já não lhe cabia. Resolveu somente caminhar, conhecer as pessoas que, mesmo com toda aquela acidez, insistiam em fazer-lhe feliz, conversou com algumas crianças, descobriu tesouros, foi o confessionário de uma apaixonada que contou-lhe sua mais bela história de amor e chorou ao notar que não acreditava naquilo que estava ali, na ponta do seu nariz. Acreditou. Continuou a andar, tentou esconder-se nos cantos mais remotos daquele lugar, andou, andou por muito tempo, a sola de seus sapatos já não lhe davam o conforto inicial, cansou.Quando cansou, ajoelhou-se ali mesmo, naquele chão sujo, cheio do pó que te fez espirrar por tanto tempo, olhou a sua volta e percebeu que sua tentativa foi em vão, não tinha conseguido ultrapassar aquele metro e meio de angústias e inseguranças. Desistiu. Desistiu de fugir de si, procurar, sem sucesso, a felicidade naquilo que não te pertencia, era bobagem. Percebeu que essa coisa de encontrar-se fazia parte do tal crescimento que tanto ouviu falar, mas recusou-se a aceitar a situação, e não adiantava recusar, não haviam escolhas, crescer era agora sua nova obrigação, teria que ver partir toda sua visão de mundo e aceitar, sem opção, seu novo "eu". Sophia estava crescendo, e crescer dói.

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