Fui interrompida, como sempre, dessa vez pelo garçom, que queria saber se eu queria algo mais, eu não queria, meu dinheiro estava acabando e eu ainda estava economizando pra comprar aquele sapato divino que tira qualquer mulher da fossa, mesmo que superficialmente. Não perdi a linha de raciocínio, logo depois de dispensar o garçom com alguma mentira pré-inventada, continuei pensando e pensando e me sentindo cada vez mais insegura em relação à vida e às pessoas e ao mundo e a mim, principalmente. Dá pra viver sem problemas ou isso é só utopia? Alguém me salva, estou morrendo afogada nessa insegurança, eu não sei nadar, já avisei. Onde está a bóia? Não tem bóia, só tem eu sendo autodidata nas aulas de natação e de vida.
Uma quase mulher, com responsabilidades quase adultas, problemas quase insuportáveis e essa insegurança de quem não viveu direito, de quem subiu no trem errado e agora só assiste a vida passar pela janela empoeirada. Acabou o conhaque, e agora? Como é que eu continuo a vida de mãos vazias? Como é que se vive, amigos? Cadê os conselhos extraordinários agora? Me ajudem. Não ajudaram...
Fui embora do bar e deixei meus problemas naquela mesa torta, porque não dava pra sair sem pagar e ainda ser o centro das atenções com aquela mala de dimensões espaciais. Desde então tenho vivido sendo quase tudo, qualquer coisa ou quase nada.